Longe do meu coração, de Júlio Magalhães

Segunda-feira, 03 de abril de 2012


Sinopse:

Joaquim não queria acreditar no que os seus olhos viam. Tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros e quilómetros a pé, à chuva e à neve, quase tinha perdido a vida nos Pirenéus e agora estava ali. Na capital portuguesa em França. O sítio onde, todos lhe garantiam, podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata. Sentia os pés enterrarem-se na lama. Olhava para as barracas miseráveis e para os fardos de palha que faziam as vezes de uma cama. Mas, Joaquim não estava disposto a baixar os braços. Em Longe do meu Coração retrata com mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor, sonhando um dia regressar ricos à terra que os viu partir pobres. Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção, com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro com emblema no capô, estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor. Mas, cedo Joaquim vai descobrir que há barreiras difíceis de ultrapassar.

Depois de ter tido um dia em cheio, com mais 3 livrinhos novos à espreita na estante, acabei de ler Longe do meu coração, com o qual me estreei no “mundo literário” de Júlio Magalhães.
Li-o num ápice, não porque seja um grande livro, mas porque não é um livro grande… Através de uma escrita simples (demasiado simples para mim…), direta, despretensiosa, Longe do meu Coração  remete-nos para o fenónemo da emigração portuguesa para França nos anos 60. Vamos acompanhar a personagem principal, Joaquim, os inúmeros périplos da sua ida clandestina para França (à procura de uma vida melhor, obviamente), os seus sonhos e, sobretudo, a sua desilusão quando “aterra” na capital francesa e se depara com um cenário de miséria, de barracas atoladas em lama e de horas intermináveis de trabalho árduo para poder amealhar o tão ansiado dinheiro.
Contudo, Joaquim não desanima e o que, à partida, estava pintado de cores sombrias, começa a transformar-se numa vida com condições aceitáveis e até com direito ao amor!


Tal como referi acima, não considero que este Longe do meu coração seja uma obra escrita com grande mestria… É de leitura fácil, levezinha, que nos oferece um retrato verosímil do que foi um fenómeno que caracterizou a vida portuguesa dos anos 60 e 70, mas, na minha opinião, faltam-lhe as artimanhas para um BOM romance – uma ação bem modulada, personagens mais ricas, mais complexas, construção de efeitos e graduações e tudo o mais que é necessariamente importante para prender a minha atenção e satisfazer o meu gosto (difícil de satisfazer, bem sei)!...

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